Teatro do Mal

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“Teatro do Mal” é uma criação da escritora e actriz Carolina Amaral que se materializa num acto performativo e num livro. “Teatro do Mal: manifesto e desorientações” é uma obra que reflecte sobre a religião, os seus “valores e símbolos pré-instituídos”, evocando 
o papel intrínseco da Mulher nestes. Declara uma ataque ao “sagrado”, encarando o Mal como potenciador “daquilo a que poderemos chamar o belo”. Foram desenhados dois livros, de escalas, pesos e experiências constrastantes.

Livro grande

A publicação de formato 30×42 cm respeita as dimensões da primeira bíblia de reprodução em massa, a Bíblia de Mazari, de Johann Gutenberg. Com este formato permitiu-se ampliar o espaço de acção e de leitura, palco onde o texto se liberta em novos diálogos gráficos 
e relações a cada página. Esta imposição espacial confronta o leitor com uma dinâmica textual própria e exigente, levando-o para o centro da acção.

Impresso em papel Biblioprint de 60g, o miolo tira partido das características únicas da matéria: a sua transparência, textura e fragilidade. Estas permitem trazer para o mesmo plano o texto 
e as palavras que antecedem e precedem qualquer página, criando um sem número de novas relações e diluições nas sobreposições entre as várias camadas de texto visíveis e sobrepostas.

Na capa, sob um filtro vermelho e num registo semiótico, foi desenhado um monograma em ligadura com as letras “T” e “M”, procurando sintetizar num único gesto o título da publicação e convocar uma simbologia religiosa.

Livro pequeno

Paralelamente ao desenho e publicação do mesmo texto no formato 30×42cm, onde 
se propôs uma ampliação performativa do espaço de acção e de leitura, em que o texto 
se expandiu em diálogos gráficos e relações em toda a transparência, textura e fragilidade de cada página, este segundo exercício, com uma impositiva diminuição da dimensão 
da página, regeu-se pela constrição do espaço branco e da sua relação com o texto. 
A paginação caracterizou-se, assim, por uma fragmentação do texto escrito, numa acentuação de um fio horizontal, em oposição à verticalidade do primeiro livro. 
A publicação, de formato 10×16cm, procurou, proporcionar uma leitura intimista, 
próxima e individual, numa referência subjectiva a um livro de orações.

Na capa, foi cravado um monograma em ligadura com as letras “T” e “M”, procurando sintetizar num único gesto o título da publicação e convocar uma simbologia religiosa. 
O livro é ainda permeado por um fitilho vermelho de 34 cm, o dobro da altura do livro, funcionando como um elemento visual eruptivo e um corpo activo no acto de leitura.